quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Avatar – O filme

Duas semanas atrás fui assistir ao filme Avatar, e saí do cinema louco para escrever sobre o filme. Demorei um bocado para sentar em frente ao computador e começar a escrever, o que foi ótimo para me ajudar a trocar impressões e ampliar minhas reflexões sobre o filme.

Nos últimos anos, poucos filmes me chocaram tanto, e acho que desde “Matrix” não assisti um filme holywoodiano com tanta informação preciosa. Mas infelizmente esse não é o entendimento geral. Li muitos comentários a respeito do filme dizendo o quanto James Cameron foi genial e inovador no modo de fazer cinema, “pena que a história seja fraquinha”. Mas como disse um amigo, o filme tem várias leituras dependendo da bagagem de cada um. E por isso saí do filme com muita vontade de escrever, para passar um pouco do que eu vi, e espero que façam o mesmo. Quem sabe esse texto não consegue ser um campeão de comentários, no rastro do campeão de bilheteria que o inspirou.

Procurarei me ater apenas aos fatos que me chamaram mais atenção, para manter o padrão de tamanho dos textos, pois as reflexões sobre o filme são assunto suficiente para um livro. Começando pelo óbvio, Pandora é a Terra primitiva, sendo atacada pela Terra do futuro, e o não tão óbvio (até por ser a minha visão dos fatos), representando o conflito que a Terra está vivendo no presente, embora ele use claramente os conflitos entre americanos e índios da época da conquista do oeste. Depois eu volto a este ponto.

Fiquei impressionado com a maestria com que James Cameron representou a maneira como nos ligamos, ou deveríamos nos ligar, à natureza ao nosso redor. A ligação física feita pelos Na’Vi, povo “fictício” criado pelo cineasta, habitantes originais de Pandora, é apenas a reprodução da ligação sutil que temos com todo o cosmo, basta estarmos atentos a nossa respiração, por exemplo, e somos capazes de perceber o mundo de outra forma.

O que dizer então da relação com os animais durante as caçadas, ou quando Neitiry (a mocinha) mata os “lobos” para salvar a vida de Jake (o mocinho)? Não há raiva, não há cobiça, não há prazer, há apenas compaixão, respeito e agradecimento ao sacrifício desses animais, que permite a sobrevivência do povo Na’Vi.

E a diferença de tamanho entre os humanos e os Na’Vi? A meu ver é muito simples, os Na’Vi embora tecnologicamente rústicos, embora vistos como “atrasados” pelos terráqueos, são extremamente mais evoluídos como seres, e isso está representado por seu tamanho e força, enquanto os terráqueos, embora acreditem ser grandes, apresentam um complexo de inferioridade tamanha que precisam entrar em robôs gigantes para se sentirem poderosos. Isso é típico do nosso modo de pensar e agir, acreditamos que só há força fora de nós, ainda não conseguimos acordar para o nosso potencial.

E a forma de atingir esse potencial é bem clara no filme, para Jake começar suas primeiras lições, primeiro é orientado a esvaziar seu copo, isto é, se livrar de seus preconceitos. Quando as lições começam, ele aprende que para se desenvolver tem que desprender dele mesmo e sentir o todo a sua volta (lembram da cena dele caindo da árvore tentando se apoiar nas folhas para chegar ao chão?)

Pois é, há muito mais o que falar, mas eu já estourei meu orçamento de linhas. Para finalizar, gostaria apenas de voltar ao conflito final, que é o que acredito que passamos nos dias de hoje, e está para se intensificar cada vez mais com a aproximação de 2012. A Terra está hoje se defendendo, e irá escolher para lutar ao lado de quem pode ajudá-la a se desenvolver, a continuar no seu processo natural de evolução, é por isso que é tão urgente escolhermos de lado queremos ficar, é preciso decidir se continuaremos a fazer parte do “Povo do Céu” ou se nos tornaremos Na-Vi.

Muito obrigado a todos,
Mateus