segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Desastres

Depois de uma longa ausência, não por falta de assunto, mas principalmente por uma provável insegurança subconsciente, é hora de voltar a escrever. Refleti muito sobre o tema de hoje, e talvez o medo de ser apocalíptico, ou passar a idéia de querer dizer uma verdade, tenham me feito demorar tanto a escrever esse texto.

Sendo assim, gostaria de frisar, novamente, que esse texto reflete apenas a minha visão pessoal, e não pretende ser uma descrição da verdade, e ao contrário do que alguns de meus textos possam sugerir, não acredito que estejamos caminhando para o “Fim do Mundo”, mas apenas para uma era de profundas transformações.

Desde o início do ano, quando ocorreram as tragédias de Angra dos Reis, São Luis do Paraitinga e outras, em decorrência das fortes chuvas que castigaram boa parte do nosso país, quis escrever a respeito. Essas tragédias, infelizmente, não foram fato novo para nós, ano passado testemunhamos diversos reveses naturais, principalmente em função de chuva e tempestades de ventos no Sul e Sudeste do país.

O que gostaria de dividir com vocês, é a minha impressão sobre os acidentes de 2009 em comparação aos de 2010. Em 2009 ocorreram vários desastres naturais, de proporções seriíssimas, mas que me chamaram atenção pelo baixo índice de mortes e até mesmo pessoas acidentadas, em proporção aos estragos ocorridos.

Lembro-me de uma escola no ABC Paulista, que toda cobertura da quadra esportiva caiu, mas não houve um ferido sequer; a explosão do bazar em Santo André, que destruiu quase que um quarteirão e ocasionou apenas dois óbitos, dentre uma série de outros acidentes. Esse padrão parece ter se repetido também em países do exterior, pelas poucas notícias que assisto. O meu sentimento em relação a esses acidentes é que foram avisos, avisos nos dando uma chance de perceber o que está por vir.

Em 2010, no entanto, já começamos o ano com mais de 50 mortos em Angra dos Reis; São Luís do Paraitinga, apesar da falta de óbitos civis, é como se a cidade tivesse morrido (ainda estou refletindo sobre como uma cidade com uma preocupação ecológica declarada, além de um reduto cultural incomparável no estado de São Paulo sofreu uma tragédia dessas proporções).

Ainda por cima, em contraste com os grandes desastres, sem vítimas significativas do ano passado, na segunda semana do ano, a cobertura de um ponto de ônibus cai e mata um senhor, no dia seguinte, cai uma marquise de dois metros quadrados e mata um garoto. E nem há o que dizer sobre o terremoto no Haiti. Agora o meu sentimento é que a época dos avisos acabou.

Mas não penso que seja o fim do mundo, mas apenas o momento de refletirmos sobre momentos de mudança; se mudar é tão difícil assim; e se a mudança for mesmo inevitável, que papel queremos desempenhar nesse processo.

Muito obrigado e boa semana a todos,

Mateus

4 comentários:

  1. Mateus
    qual seu email, tenho uma proposta pra veicular seus textos em um site.
    aguardo retorno

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  2. Amigos, segue comentário do meu Mestre, Marco Serra:

    Tivemos a chance de aprender com o amor, agora estão nos tentando ensinar pela dor, o caminho é unico, evoluir.. So estamos na trilha errada, ou a maioria esta. Quanto ao que esta acontecendo no mundo, parece simples, o planeta esta expurgando, não aguenta mais esta grande doença, "o ser humano", o ser humano da forma como vive hoje. Sem o amor incondicional, continuara, acredito eu, esta faxina na terra, pois uma hora haverá que dividir o joio do trigo.

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  3. Segue um comentário interessante de um grande amigo do Kung Fu, Giusepe.

    "Olá Mateus!

    Gostaria de expressar a minha opinião. Avisos existem, mas a natureza não poderia avisar por si só. A Terra é repleta de seres inteligentes e estes estariam encarregados dos avisos e não um fator puramente mecânico. O fator mecânico natural é reacionário e não preventivo. Nós sim somos previdentes, e não só nós como os de inteligência inferiores, como os animais sazonais. Acredito que a sincronicidade dos acidentes estão de acordo com algumas coisas. Primeiro, acidentes do tipo explosões, quedas de tetos sem causa aparentemente exterior são principalmente falha humana na construção. Logo, não deve ser um aviso para, por exemplo, dizer que uma tempestade está por vir. Ou então, não devemos culpar desse tipo de desastre brasileiro um chinês que jogou lixo no córrego lá na China. Em segundo lugar, existem as pessoas "certas" para estarem em determinados lugares. Como quando nós sentimos aquele alívio estranho de não termos ido viajar naquele avião que caiu por ter nos dado algum mal estar, ou alguém nos ligou nos prevenindo. Aquela intuição (ou aviso) nos fazendo perceber que nossa função é dirigida ou coordenada aqui na Terra e não casual.

    Mas há ainda os desastres que envolvem a Terra toda, como essas tempestades. Temos muita consciência de que nossas ações revertem reações na natureza, então, não é de se espantar nada que um rio extremamente poluído vá se limpar sozinho tranqüilamente, sendo nós a causa dessa poluição. Isso iniciará um processo mecânico que sabemos como poderá ser, mas não ligamos, continuando a agir como agimos e esquecendo que nossa própria consciência nos avisa de que há algo errado. Ou então, caso em que não temos consciência de que há esse processo mecânico, deverá haver uma manifestação para que aprendamos.

    No caso de Terremotos, no meu ver, sabemos que a Terra está sempre em constante transformação para a sua consolidação como planeta e para seu declínio (como tudo o que nasce, morre), por isso, só saberemos previnir se entendermos essa mecânica natural e estudarmos a fim de planejarmos nossa sociedade para migrar ou estar preparada tecnologicamente para isso. Não duvido nada que há tecnologia suficiente para previnir muitas coisas, mas o fato de alguns não poderem ceder espaço ou território para a reorganização social ocasiona os "grandes" sofrimentos. Assim, não acho que podemos entender os desastres como simples avisos da natureza, mas separarmos aquilo que é acidental daquilo que é natural e sabermos aceitar que nossa consciência deve aprender a reger o nosso espaço e não o contrário. As tempestades podem ter tudo a ver com os terremotos, quando uma onda leva massa de ar para outros locais, ou podem ter a ver com o aquecimento global que estamos sendo a causa. Tanto um como outro haverão avisos ou então já fomos avisados pela nossa própria experiência anterior e se não houver experiência anterior, não poderemos ser avisados pela natureza, ela apenas reagirá.

    Espero ter conseguido ser claro e que essa reflexão só tenha a somar e multiplicar o nosso conhecimento. Caso queira discutir algum ponto, estarei apto.

    Abraço!"

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  4. Sinceramente, não acredito que os desastres tenham sido um aviso. Primeiro, pois creio que todas essas tragédias são intrinsecamente sociais. Centenas de terremotos (no assoalho oceânico) ocorrem diariamente, o que aconteceu no Haiti foi só mais um, mas infelizmente atingiu uma área povoada e com graves problemas estruturais decorrentes da pobreza, fato que só fez aumentar o número de vítimas fatais. Quanto às fortes chuvas em São Paulo, estas fazem parte de um ciclo climatológico mais longo, e também são eventos normais da natureza.

    O que quero dizer é que, do meu ponto de vista, a natureza não nos castiga, ela simplesmente é, nós que talvez tenhamos ocupado os locais errados ou de formas inadequadas ou talvez não conheaçamos o suficiente de nosso planeta para compreender todos os eventos extremos que ocorrem.

    Como estudante de uma área correlata às "ciências da Terra" não pude deixar de fazer esse comentário. Espero, sinceramente, contribuir de alguma forma para um debate maior e mais profundo sobre esse tema. Estou a disposição se quiser conversar mais.

    Henrique

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