domingo, 8 de novembro de 2009

Ter ou Ser?

Novamente o texto dessa semana foi motivado por uma resposta ao texto da semana passada. Preocupou-me o fato de possivelmente ter passado a idéia de que devemos abrir mão de nossos bens materiais e nos dedicar apenas a práticas internas, pois como meu amigo me escreveu “Projetar a sua felicidade no acúmulo de bens é tão perverso e danoso quanto projetar sua felicidade na ausência de bens.”

Isso me lembrou a história de um discípulo de Buda, um rico príncipe, que vivia no máximo da opulência possível, que ao conhecer Gautama Buda pediu para segui-lo. Buda achou que seria improdutivo para este príncipe segui-lo, mas o príncipe prometeu ser o mais dedicado dos discípulos, e assim foi aceito. Entretanto, como Buda desconfiara, ao abandonar seu reino o príncipe compensou a opulência em que viveu até aquele momento buscando a mais absoluta miséria, ou seja, o príncipe foi de um extremo a outro.

Quando escolhemos o caminho do Ser, e abandonamos o Ter, é preciso ter o cuidado de não ir de um extremo a outro, é importante entender que valorizar o Ser não significa viver apenas com a roupa do corpo, e que morar numa boa casa, andar em carros luxuosos ou trocar de celular a cada seis meses não é necessariamente um pecado.

O fundamental é não cairmos na ilusão de que só conseguiremos ser pessoas melhores quando conquistarmos mais bens do que temos hoje. É isso que me preocupa tanto na busca do Ter. Quando conquistamos, com nosso esforço e dedicação, bons empregos que geram bons salários, não há nada de errado em aproveitarmos o que esse recurso pode nos proporcionar, mas devemos ter cuidado para não criar uma identificação tão grande com o que temos a ponto de não aceitar viver com menos caso a vida mude de rumos.

Além do medo de perder o que se tem, a vida em função do Ter gera um ciclo vicioso de infelicidade perigosíssimo, pois por exemplo, uma pessoa que não possua um carro, acredita que será imensamente mais feliz quando puder comprar seu primeiro carro e não precisar mais andar de ônibus; então ela consegue comprar seu primeiro carro, um carro popular sem acessórios, ela fica imensamente feliz, mas logo em seguida o carro que ela tem não lhe serve, ela quer agora um carro com vidros elétricos e direção hidráulica, vive frustrada até conseguir um carro assim, e quando o consegue passa a querer um carro com bancos de couro, motor mais potente, importado, e assim o que se tem nunca está bom, pois acredita que só poderá ser melhor se tiver algo melhor.

A loucura é tanta que esse querer transforma-se em precisar. Quantas vezes ouvimos pessoas dizendo coisas do tipo, “preciso disso, preciso daquilo, preciso, preciso”, como se não fossem capazes de viver sem o objeto de desejo. Mas do que realmente precisamos para viver? Eu acredito que se conseguirmos distinguir o que queremos do que realmente precisamos já nos ajuda a viver melhor. Não é pecado Ter o que queremos, mas isso não pode de forma alguma afetar quem nós Somos. E quando nós Somos de fato felizes, não importa o que Temos, seremos felizes pelo simples fato de Sermos.

Obrigado a Todos!

9 comentários:

  1. O comentário abaixo me foi enviado pelo meu mestre de Kung Fu, Sifu Serra. É um belo complemento para o texto.

    "A simplicidade nos dá a oportunidade de conviver e sentir a nossa essencia. O acúmulo de coisas materias nos toma mais e mais tempo para cuidar, manter, adquirir e trocar o que temos, ou o que queremos ter, assim ficamos cada vez mais afastado do ser, ocupados pelo ter, é matemática simples. Estando em contado com o ser o ter é consequencia natural, tudo que é feito com amor, tem colheita próspera. Só cuidado para não trocar o amor pela ambição, troca do ser pelo ter, muito fácil de ocorrer em nossa sociedade.Só um lembrete, nascemos pelado e vamos sem nada. Pense no que vai fazer entre esses dois momentos."

    ResponderExcluir
  2. Com certeza não existe nada de errado no que conquistamos pelos nosso esforços. Acho que o errado é quando os bens materias que conquistamos se tornam mas importantes do que nossa essência. Simplesmente os valores não devem ser invertidos, e é o que tem acontecido com frequência...

    ResponderExcluir
  3. ola a bom ofato de conquistarmos é legal é tudo mais e o de doar tambem é legal mais o mais importante é quem eu sou ou quais os valores reais a ser seguido exemplo:eu tenho 2 casas e dou uma legal mais quem sou eu com a minha esposa com o meu filho sera que tenho agido com onestidade falado a verdade em vez de mentir o fato de sermos generosos ou conquistarmos as vezes camufla quem somos, mais doque ter doarmos é ser e quem somos nois?

    ResponderExcluir
  4. Gostei muito do texto, me ajudou a fazer uma redação, mas calma, não copiei voce, HAHA

    ResponderExcluir
  5. Tipo Vc precisa de Dinheiro para pagar a escola a escola vai gerar conhecimento para as pessoas e o conhecimento vai trazer bons empregos que vao gerar bons salarios

    ResponderExcluir
  6. Tudo isso é muito bonito de se ler, porém na pratica as coisas são bem diferentes, o ter é o que conta infelizmente... cruel realidade!!
    Fátima Mais.

    ResponderExcluir
  7. SOMOS O QUE APRENDEMOS SER, MAS POSSUÍMOS O QUE PENSAMOS TER. PORTANTO TUDO O QUE SOMOS NUNCA SE ACABARÁ ENQUANTO VIVERMOS,MAS O QUE TEMOS ACABARÁ VARIAS VEZES DURANTE O TEMPO EM QUE VIVERMOS POR ISSO DEVEMOS SIM CONSEGUIR COISAS MATERIAIS PORQUE SOMOS MATÉRIAS TAMBÉM APENAS NÃO DEVEMOS NOS CONTAMINAR COM COISAS QUE PODEMOS PERDER A QUALQUER MOMENTO. TEMOS SIM QUE ANGARIAR RIQUEZAS MATERIAIS, MAS SEM DEIXAR QUE AS MESMAS OCUPEM O LUGAR DAS COISAS EMOCIONAIS PORQUE SEM AS MATERIAIS PODEMOS VIVER, MAS SEM A EMOCIONAIS ATÉ O SUICÍDIO PODE ACONTECER.

    ResponderExcluir